16 agosto, 2007

Elvis


Existe uma curiosidade sobre o inconsciente coletivo que diz que todo mundo que viveu a época se lembra exatamente onde estava e o que fazia quando soube do assassinato de John Kennedy. Bom, eu não tinha nascido ainda pra hoje em dia comprovar se isso é papo furado ou não...

Talvez não seja, porque este mês de agosto marca o 30º aniversário da morte de Elvis (um ícone tão forte quanto JFK) e é incrível como a lembrança disso é nítida em minha cabeça!

Eu tinha 8 anos de idade e, como de costume, meu velho foi me buscar de bicicleta no colégio. No caminho ele permaneceu calado ainda que já soubesse da notícia (ele tinha esse hábito de nunca falar sobre coisas que mexeriam com o emocional dos filhos, fossem coisas boas ou más, preferia deixar que descobrissem sozinhos). A cem metros do portão de casa eu ouvi o rádio em um som altíssimo, tocando It's Now or Never - eu odiava isso e me perguntava por que insistiam tanto em tocar essas músicas da fase mambo-brega do Elvis...o que havia de mal em tocar sua fase rocker?
Well, minha mãe não costumava ouvir rádio num volume tão alto e quando eu entrei em casa, ao invés do costumeiro beijo e do "como foi na escola hoje?", eu ouvi dela um certeiro e urgente "O ELVIS MORREU!"
Deve ter sido meu primeiro contato com a idéia de morte e perda de alguém que eu conhecia e gostava, não me lembro de nada anterior do tipo.
Demorou um pouco pra cair a ficha, mas o dia foi coberto por uma gigantesca avalanche de músicas no rádio, programas, noticiários e filmes na TV em homenagem ao Rei, depoimentos de fãs e personalidades... isso durou um mês inteiro e quando parecia acalmar, vinha a comemoração de um mês da morte; depois a de dois meses, de um ano... e hoje faz-se trinta anos !...

Eu devo confessar que à época eu derramei algumas lágrimas pelo fato. Escrevendo isso agora, e ao som de One Night, tenho vontade de derramar mais algumas, mas desta vez não é apenas pelo Elvis, mas sim por tudo o que passou e fez parte destes 30 anos. Afinal, isso é o tempo de uma vida e muita coisa aconteceu no caminho - perdas, ganhos, não importa...É bom saber que lembrar desta data também traz muitas outras pessoas e circunstâncias à memória. Parafraseando o Lennon: Elvis, we love you!

Um comentário:

Thiago Augusto disse...

Poxa Ace,mais que um desenho legal, esse post foi uma crônica (autobiográfica) de grande peso emocional...
Valeu ter partilhado essa.
Realmente você é o The Rocker, afinal, sua vida sempre foi (e está) pontuada por acontecimentos e músicas do bom e velho Rock n Roll